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Negeds divulgam nota de solidariedade à vítima de ataque transfóbico

Texto dos Núcleos de Estudos de Gênero e Diversidade do IFPE externa indignação diante do ataque ocorrido em Recife no dia 24 de junho


Nota de Solidariedade dos Núcleos de Estudos de Gênero e Diversidade (Neged) do IFPE

O Brasil, mais uma vez, ocupa o 1º lugar no ranking dos assassinatos de pessoas Trans e Travestis no mundo. A violência sistemática em nosso País ultrapassa os limites do absurdo. O abandono pelas famílias, quando são adolescentes ou muito jovens, devido à não aceitação de seus corpos que rompem com a cis-heteronormatividade, somado à desassistência do Estado, que não estabelece medidas protetivas efetivas e políticas públicas eficientes de acolhimento e apoio, empurram a população Trans e Travesti para um quadro social de marginalização. Seus corpos são sistematicamente desumanizados e associados à abjeção. A construção da miséria social das pessoas Trans e Travestis é material e simbólica. A sociedade não chora as mortes e as violências sofridas e, por muitas vezes, não noticia com a devida consternação, rapidez e destaque crimes bárbaros cometidos contra o segmento populacional Trans e Travesti. Isso ocorre especialmente porque aos agentes sociais é ENSINADO odiar, discriminar, segregar e violentar os corpos dissidentes do padrão cis-hetero-normativo.

No dia 24 de junho de 2021, Roberta, travesti, negra e em situação de rua sofreu um ataque em espaço público, no coração da cidade do Recife. Um adolescente ateou fogo no corpo de Roberta. Um crime cruel que será somado aos dados de violência que traduzem a brutalidade com que os corpos de pessoas Trans e Travestis são tratados no Brasil. A grande maioria dos casos de assassinato e violência contra TRANS tem como característica os requintes de crueldade. 

Por meio desta nota, os Núcleos de Estudos de Gênero e Diversidade – Negeds do IFPE externam a indignação com a qual recebemos a notícia deste crime e prestamos nossa solidariedade a Roberta. Acreditamos que as Instituições de Ensino, Ciência e Tecnologia têm como dever fundamental atuar através da educação, da produção de conhecimento e da abertura de espaços para o diálogo, a fim de reduzir esse tipo de violência e transformar essa dura realidade social.

Neste sentido, além de denunciar a violência sistêmica contra pessoas Trans e Travestis, de expor os dados e indicadores que traduzem essa brutal realidade, de debater sobre os avanços e as conquistas dos movimentos sociais LGBTI+ e de descortinar a existência da pluralidade e das diferenças, afirmamos nosso repúdio às violências cometidas contra pessoas Trans e Travestis. Insistimos que não é possível continuarmos por mais de uma década na mesma posição, como o país que mais mata LGBTI+, e não adotar medidas drásticas para mudar este quadro. É urgente pensarmos e colocarmos em prática um conjunto efetivo de políticas públicas por meio dos agentes e das instituições de Estado. É urgente o fortalecimento de uma condução da ética educativa com o objetivo de configurar relações sociais mais solidárias, equânimes, ternas, amorosas e justas.

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