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IFPE dá início ao curso de português para venezuelanos refugiados no Recife

Iniciativa faz parte do programa Português como Língua Adicional (PLA) e conta com mais 11 institutos federais no Brasil


O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) já deu início as aulas do programa Português como Língua Adicional (PLA), que oferece curso de português para imigrantes venezuelanos refugiados no Recife da etnia indígena Warao. Além do IFPE, outros 11 institutos federais do Triângulo Mineiro, de Brasília, de Mato Grosso, do Amapá, de Mato Grosso do Sul, do Ceará, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul, Sul-Rio-Grandense, de Roraima e de São Paulo também foram selecionados na chamada pública de adesão e implementação do Programa, cujo responsável pela operação é o Instituto Federal Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS).

 O PLA em Rede é um curso online de 250 horas, oferecido por meio de um Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) e dividido em 18 lições, e uma vez por semana há um momento presencial, que em Recife acontece no Taller Warao, no bairro da Torre, um espaço organizado pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), em parceria com as Irmãs do Colégio Damas. De acordo com o professor Diego Paixão, do Campus Barreiros e que coordena o programa no IFPE e ministra as aulas para a turma de indígenas, o momento presencial é uma adaptação pedagógica devido às especificidades do ensino de língua portuguesa para esse público, pois o curso foi formatado inicialmente para ser 100% online, com momentos síncronos por meio da plataforma Google Meet. As aulas tiveram início no dia 23/08. 

Segundo Diego, os indígenas Waraos refugiados em Recife, devido aos problemas políticos, econômicos e sociais pelos quais passa a Venezuela ultimamente, estão em extrema vulnerabilidade, vivendo em condições dificílimas, e assim eles entendem que a língua portuguesa é um instrumento importante de acesso a oportunidades de educação e trabalho que, por ventura, possam ser ofertadas. “Essa iniciativa facilitará a interação deles nas comunidades onde vivem, bem como no diálogo com o poder público e com as ONGs que acompanham a situação. Alguns sequer falam espanhol, comunicam-se majoritariamente na língua original dos Waraos. Nosso objetivo é que o Português seja mais do que uma língua adicional, seja na verdade uma língua de acolhimento desses migrantes aqui no Brasil”, explica o professor. Além do encontro presencial semanal, Diego diz que foi preciso também realizar uma adaptação quanto ao conteúdo, dando foco em vocabulário e conversação em português, o qual ele chama de “português da sobrevivência”.

O docente esclarece ainda que o curso foi uma demanda dos próprios indígenas, que levaram esse pedido ao Comitê de Migração de Pernambuco (COMIGRAR), órgão em que o IFPE tem assento, e a partir daí começaram as articulações para a realização do programa. Desde janeiro deste ano, o Instituto vem trabalhando nisso, mas muitos fatores adiavam a realização das aulas, como o auge da pandemia, as condições precárias em que se encontram os Waraos e também questões logísticas como local para as aulas e transporte. De acordo com Diego, a receptividade dos estudantes quanto à iniciativa tem sido muito boa: “Eles estão muito animados e esperançosos de que outras portas sejam abertas aqui em Pernambuco. As dificuldades de acesso à internet, de falta de equipamentos para acompanhar o curso semanalmente no AVA e as adversidades do dia-a-dia não são motivo para desestímulo por parte desse público”.

Além de Diego Paixão, participam do trabalho a equipe do Departamento de Relações Internacionais (DRIN) do IFPE e os professores Adriano Costa, da Educação a Distância (EaD) do Instituto; Taciana Meneses, do Campus Recife; e Carlos Fernandes, do Campus Afogados da Ingazeira. Há também estudantes argentinos, colombianos, salvadorenhos e espanhóis participando do PLA em Rede em seus respectivos países. Esse projeto reforça o compromisso do IFPE com justiça social, através de uma educação com prática cidadã e inclusiva. E mostra que estamos atentos às questões sociais mais sensíveis que afetam nosso entorno. Como casa de educação, não estamos ensimesmados no nosso academicismo dentro de nossos muros, estamos prestando atenção ao que acontece a nossa volta. E o mais importante: buscando transformar para melhorar realidades difíceis”, destaca o professor.

 

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